sábado, 2 de março de 2013

Que se lixe a troika! Portugal é um país rico!


Eu vou falar daqui. A partir da minha enorme ignorância do funcionamento do sistema económico e financeiro mundial. E vou partir daqui: como pode um país tão rico ter chegado a esta enorme pobreza? Refém de uma dívida que nunca poderá pagar? Cujos governantes anseiam o dia em que possam aceder a mais empréstimos a juros mais baixos. Para nos continuarmos a endividar apenas de forma mais barata. Mais barata que a ajuda externa que temos tido. “Ajuda externa” que é o que se tem chamado a um empréstimos a juros tão elevados que têm rendido muito dinheiro a quem já tem muito dinheiro. E eu pergunto, aqui de baixo da minha ignorância: ajudo alguém que não tem dinheiro quando lhe empresto agora 50 € quando mais adiante ele me vai devolver 75 e sabendo de antemão que ele não o poderá pagar? Como pode esta absurda falta de lógica ter-se instalado no discurso de gente tão bem parecida? E eu pergunto: para que precisa um país como o nosso de ser roubado? Para que precisa um país como o nosso que lhe emprestem dinheiro? Aqui está sempre a nevar? Há tufões dia sim, dia não? É isto, por acaso, um deserto? Já não resta nenhum peixe nos mares? E o sol, que foi feito dele? Como pode este “jardim à beira-mar plantado” ter chegado ao ponto de precisar de dinheiro emprestado pago com um sofrimento tão brutal? Dinheiro emprestado que não é sequer para alimentar quem tem fome, que não é para pagar a saúde, que não é para educação, que não é para financiar a indústria, nem a pesca, nem a gricultura? Dinehiro emprestado que é para pagar dinheiro emprestado?! Serei completamente estúpida? Estarei a fazer uma grande confusão? Não temos nós tudo o que um povo precisa para viver com o necessário? Será preciso viver longe de quem se ama para sobreviver? Que espécie de catástrofe se abateu sobre nós? O que aconteceu para chegarmos até aqui? Sem agricultura, sem indústria e sem pesca? E porque motivo permitimos que nos fizessem isso? Acenaram-se com as casas novas penduradas no céu que não valiam metade do preço que se pagou... Acenaram-nos com a ideia de que éramos o que tínhamos, que éramos os nossos carros, as nossas roupas, os nosso objetos de nova tecnologia, sempre hoje comprados por um décimo do que amanhã custavam... Acenaram-nos com a ideia de que o que parecemos ser é aquilo que somos. E isso não é verdade. O que somos é apenas o que somos: o que pensamos, o que somos capazes de criar, o que somos capazes de transformar, a nossa capacidade de adaptação, aquilo que inventamos, o que temos de inesperado.
O que pensávamos nós? Que mudar de carro de 3 em 3 anos era um objetivo justo e legítimo de quem trabalha? Que comer o triplo do que devemos é compatível com uma distribuição racional dos recursos do planeta? Que ganhar dinheiro por ter golpe de vista e sem trabalho é legítimo quando outros para ganhar um milésimo têm de transpirar 40 horas por semana?
Comparamo-nos com o resto da Europa... E eu pergunto-me: o planeta chega para vivermos todos com o nível de vida dos alemães e dos suecos? Ou a palavra injustiça só tem significado quando a injustiça é sobre nós? E os povos africanos que até hoje pagam a dívida da nossa exploração?
Temos de parar e temos de questionar tudo. Temos de parar e definir o que é essencial: pão na mesa, tempo livre para nós, para os amigos, para a arte e para a beleza. Porque motivo a mecanização e o o consequente aumento de produção nunca reverteu a favor da humanidade? Porque criamos um sistema em que o aumento de produção enriquece os ricos e cria uma classe média, em que o poder político está subjugado ao poder económico, e que ciclicamente sofre crises porque é insustentável. E é insustentável porque quando tudo corre mal os malefícios não são imputados aos que antes beneficiaram mas sim àqueles que sempre ficaram na mesma para no fim ficarem pior.
Em suma. Temos sol, temos praia, temos terras férteis, uma extensa costa, conhecimento técnico e científico, saber fazer artesanal e industrial. Somos um povo honesto demasiado tolerante à corrupção. Porque somos uma gente de ética flácida. Que com tanto mar aprendeu a deixar-se levar pelas marés.
Está na hora de nos firmarmos. “Está na hora de o governo se ir embora”, “que se lixe a troika”. Sugiro que não paguemos. Comecemos do zero. Agarremos as nossas terras, recuperemos os conhecimentos, saibamos viver com menos, saibamos usar o nosso poder criativo, a nossa força e a nossa capacidade de trabalho. Aprendamos com o norte da Europa um pouco mais de organização. Criemos um país nosso, feito à nossa medida e daquilo que é importante. Saibamos ser e não parecer.
Que se crie um governo de esquerda, um socialismo tolerante a um liberalismo moderado. Com lugar para o mérito e para o direito à diferença. Com direito à preguiça e com direito ao trabalho. Um Portugal justo e solidário. Um governo de esquerda de AQUI E AGORA. Esqueça-se o Marx, o Trotsky, e o Mao Tsé Tung. Aqui e agora. Uma nova ideologia num novo tempo. Com uma única base: Liberdade, igualdade de oportunidades, fraternidade. Tudo o resto são ismos tristes da história, são interpretações demasiado humanas de grandes pensadores que, sem quererem, criaram verdadeiros monstros. Esqueçam as quezílias antigas. Que todos os homens de boa vontade se juntem num objetivo comum: a felicidade do povo português. Esquerda de Portugal, deixem-se de merdas, unam-se para o que é essencial. Povo português, deixem-se de merdas e desistam da alternância PS/PSD. O que temos a perder? O que nos pode meter mais medo do que separarem-nos dos nossos filhos, abandonarem-nos e expulsarem-nos do nosso país? o que nos pode meter mais medo do que saber que pessoas que trabalharam 40 anos têm reformas de 200 e porque o seu trabalho foi ilegal e no fim só tiveram direito ao desemprego?


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