terça-feira, 30 de julho de 2013

A maravilhosa idade dos porquês

- Mãe, quando o pai pôs a semente, tu disseste, como é que me desenhaste?
- Como é que quê , filha?
- Como é que me desenhaste?
(Silêncio da mãe: o que é que eu respondo?...)
- Não fui eu que te desenhei filha, foste tu que te desenhaste...
- Como?
- Tinhas um lápis e um espelho e começas-te a desenhar, os olhos, a boca, o nariz...
- E como é que eu tinha um lápis na barriga?
- Já levavas dentro da sementinha.
- Ah...

Na verdade segue na sequência da conversa de há uns dias:
À mesa...
(...)
- Tu nessa altura ainda não existias, filha.
- Ah?...
- Não existias...
- Ah?
- Não existias. Agora estás aqui. Eu faço assim e toco-te. Tu estás aqui. Na altura eu fazia assim (esbracejo) e não te conseguia tocar. Porque tu não existias... Não tinhas nascido...
- Ah?...
- Não tinhas nascido.
(Silêncio pensativo)
- Como uma flor?
- Exactamente! Como uma flor!
- Como?
- Foi uma semente que o pai tinha e pôs na mãe... A mãe fez de terra e a semente nasceu dentro da barriga da mãe. E tu começaste a crescer, a crescer...
- Ah...

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